domingo, 14 de outubro de 2012

Capítulo 27 “Está feito” - FIM DO LIVRO I BELLA




          Renesmee estava agora no consultório improvisado de Carlisle a dormir profundamente, comigo, com Edward e com Carlisle à sua volta na esperança que tudo corresse bem. A rezar para o melhor. Mas, também, com cara de quem vai receber a sua sentença. Agora só nos restava esperar. Esperar que Renesmee acordasse e estivesse bem.
Segundo os estudos de Carlisle, todo o processo deveria demorar um dia inteiro. 24 horas separavam o passado do futuro. 24 horas para que a nossa vida perfeita começasse. Mas ela não podia começar sem eu cumprir uma promessa que tinha feito e não tencionava quebrá-la.
- Tenho que fazer uma coisa. – disse, levantando-me e dirigindo-me para a sala. Já ninguém estava lá. Agora tinham mudado as suas figuras de estátuas para o andar de cima.
Peguei no telefone e marquei um número que já sabia de cor.
- Jacob? – perguntei a medo. Tinha quase a certeza que ele não estava em casa nem perto dela. Ainda não estava recuperado para isso. Ele sempre precisou do seu tempo e do seu espaço para assimilar a informação, e desta vez não seria uma excepção. Mesmo assim, tinha-lhe prometido que o avisava quando acontecesse. Assim ele iria saber quando estivesse preparado, e eu sentir-me-ia melhor.
- Bella? – respondeu do outro lado uma voz rouca e arrastada tão minha familiar. Jacob! Conseguia perceber que estava um pouco agitado, o que me fazia perguntar à quanto tempo é que ele estaria sob a forma humana. Não seria há muito…
Suspirei de alívio. Mas afinal porque é que ele atendeu o telefone? Porque é que estava em casa? Será que aconteceu alguma coisa ao seu pai?
Preparava-me para lhe perguntar isto tudo, mas percebi que não tinha esse direito. Já o tinha perdido. Tanto o direito a perguntas pessoais como o meu amigo foram perdidos quando eu o desiludi de uma forma que ele nunca me ia perdoar.
Em vez de o bombardear com perguntas e dizer que era bom finalmente ouvir a sua voz, apenas disse:
- Está feito – estas duas palavras eram o suficiente para rasgar o resto do seu coração. Estas palavras tornavam tudo muito mais oficial. Isto também era uma forma de admitir a mim mesma que já não podia fazer mais nada. Mas, estas palavras, foram ditas de uma forma bastante impessoal e fria que podiam desfazer qualquer pessoa, mas na verdade não tinha outra maneira de o dizer. Nunca imaginei que o Jacob me atenderia o telefone. Sempre pensei que iria começar o meu discurso com “Pode dizer ao Jacob que…”. Mas o facto de ele estar em casa e atender o telefone dificultava tudo. Pensar que ele estava suficientemente bem para o fazer e segundos depois tudo voltar ao mesmo, era mil vezes pior. Mais uma vez o destruíra. Estava a fazê-lo aos poucos. Cada dia ia piorando. Cada dia as saudades iam ficando maiores. Cada dia tomava mais consciência da realidade.
Conseguia imaginar a sua imagem no momento que eu falei. Era como se o visse à minha frente. Uma postura rígida e dura de raiva. A sua frustração e sofrimento espelhados nos seus olhos castanhos, que mostravam o que lhe ia na alma. Alma… Coisa que eu não tinha agora… Não podia tê-la para conseguir fazer o que fiz.
Não me atrevi a dizer mais nada. O que é que se diz nestas situações? Perguntar se ele está bem? Claro que não está bem, nem perto disso! Dizer-lhe que vai correr tudo bem? Estava a mentir. Nada lhe estava a correr bem. Simplesmente não podem correr pior. A única coisa que podia dizer era que a partir de agora as coisas só podiam melhorar, mas isso são tudo clichés, coisas que nunca usaria com Jacob.
Reparei que Jacob não tinha desligado a chamada, coisa que eu acharia que acontecesse quando ele partisse o telefone, pelo que, segundos depois, ouvi um rugido seguido de alguma coisa a rasgar e a partir, que provavelmente seriam as suas roupas e os móveis, e por fim um uivo de desespero.
Ouvi os seus passos de corrida a abandonar a casa, mas mesmo assim não desliguei a chamada. Fiquei, com o telefone ao ouvido, a rever todas as memórias que foram roubadas da mente da minha filha. Memórias de meses mas que valiam anos. Ela tinha crescido mais do que ninguém nestes últimos meses e isso tudo desapareceu.
Depois de ter ficado assim durante minutos, de telefone ao ouvido e a olhar para o vazio, Edward apareceu atrás de mim e abraçou-me. Beijou a minha testa e pôs a mão sobre a minha que estava a segurar o telefone junto ao ouvido. Como não obteve reacção da minha parte, pressionou um pouco a sua mão numa tentativa de me tirar o telefone. Eu queria dar-lho, a sério que queria, mas o meu corpo estava congelado. Não me conseguia mexer. Só conseguia pensar no meu melhor amigo a sofrer.
Num movimento mais brusco e forte, Edward conseguiu arrancar-me o telefone da mão. O meu corpo reagiu de imediato e abracei-o com toda a minha força.
Edward não se queixou da força que eu estava a aplicar apesar de o estar a magoar, apenas sussurrou ao meu ouvido:
- Vai ficar tudo bem.
- Não, não vai. Mas ao menos eles estão vivos. É isso que eu quero. Que as pessoas que amo estejam vivas. E estou contigo para sempre…
- Para todo o sempre. – Edward abraçou-me, também, com toda a sua força e eu senti-me em casa. Protegida e aconchegada. Quase... bem!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Capítulo 26 ‘Já não posso voltar a trás’



Tinha que me mentalizar: era aquilo que eu queria, foi aquela a minha escolha, e sobretudo seria melhor para a minha filha. Não queria, ou melhor, não podia arrepender-me. Neste momento o futuro da minha filha estava nas minhas mãos. Edward já tinha concordado e apenas esperava pela minha resposta. Se eu tomasse a decisão errada…
Apenas eu, Edward e Carlisle subimos as escadas, onde já se conseguia ouvir a respiração pesada de Renesmee do andar de cima. Ao cimo das escadas reparei num pseudo consultório à minha direita, parecido com o que montaram na casa de Forks quando eu estava grávida. Não tinha tantos instrumentos como na altura, mas mesmo assim tinha suficientes para me trazer aquelas memórias de volta.
Edward olhou para mim, para o fundo dos meus olhos deixando-me hipnotizada. Percebi que ele estava a tentar perceber o que é que eu estava a pensar. Facilitei-lhe a tarefa e retirei o escudo, mostrando-lhe que me estava a lembrar de quando estive grávida. Ele estremeceu ligeiramente ao ver as imagens que passavam pela minha cabeça.
- É só para prevenir. – disse ainda abalado com as lembranças que passava na minha cabeça. Aquele tinha sido um período negro para os dois e mesmo para o resto da família.
Não era que precisasse que Edward me dissesse aquilo, mas por alguma razão fez-me sentir mais segura. Claro que não queria que fosse necessário usar aquilo tudo, mas era melhor que ali estivessem.
- Vou buscar os comprimidos. – disse Carlisle enquanto se evaporava para onde estava montado o consultório. Num segundo estava de volta. Era estranho ver Carlisle usar a velocidade vampírica, já que esforçava tanto para manter a aparência humana, e de todos nós era o que o fazia melhor e com maior naturalidade.
Carlisle estendeu-me um copinho de plástico com três comprimidos. Dois deles eram iguais pelo que supus que fossem aqueles que fariam com que Renesmee esquecesse tudo. Mas e o outro? Seria a morfina que eu e Carlisle tínhamos falado? Nunca a tinha visto em comprimidos…
- É um comprimido para dormir – disse Edward respondendo aos meus pensamentos.
- É importante que ela durma durante todo o processo. – continuou Carlisle apercebendo-se do tema da conversa. – Irá-lhe ser administrada morfina por fia intravenosa depois de tomar os comprimidos, o que também a ajudará a dormir.
Acenei com a cabeça uma vez. Estava tudo pronto, tudo planeado. Agora só tinha que convencer Renesmee a tomar aqueles comprimidos, e para isso teria que mentir. Não gostava de mentir e não era boa nisso. Tinha vindo a melhorar, mas nada comparado com os anos de prática de Edward. Era isso que receava. Que Renesmee percebesse que eu estava a mentir e exigisse uma explicação. E essa, eu não lha poderia dar.
- Queres que eu faça isso? – perguntou Edward depois de ler os meus pensamentos.
- Não. – respondi simplesmente. Se tinha sido forte o suficiente para tomar aquela decisão, também ia ser forte para a concretizar. Iria ser forte e mentir à minha filha e fazer com que ela tomasse aqueles comprimidos. Instintivamente apertei o pequeno copo com os comprimidos na minha mão. Analisei-os mais uma vez.
‘Está na hora de cresceres!’ – pensei para mim mesma. ‘Já não és uma adolescente temperamental que a única coisa com que tens que te preocupar é em tirares notas decentes e chegar a casa a horas para não ouvires um sermão do teu pai. Agora tens responsabilidades! Agora és adulta! Não mais aquela humana com as emoções descontroladas. Agora és Isabella Cullen. Casada com o homem dos teus sonhos e mãe da menina mais linda e amorosa à face da terra. Está na hora de te controlares e recompores! Tens que te portar como a vampira adulta que és!’ – expirei pesadamente.
Quando acabei de dar um sermão mental a mim mesma reparei que Edward sorria levemente. Ele tinha estado a ouvir claro. Sorri-lhe envergonhadamente e subi em passadas pesadas as escadas que davam acesso ao nosso pequeno paraíso e dirigi-me ao novo quarto de Renesmee criado e decorado especialmente para ela.
Abri a porta com muito cuidado para não acordar Renesmee à bruta. O seu odor estava espalhado por todo o quarto. Entranhado em tudo. Odor de humano misturado com aquela fragrância doce que eu tanto adorava e esperava à noite para a ter no meu quarto quando ainda era humana. Agora tudo tinha mudado e estava prestes a mudar mais.
Aproximei-me da cama e reparei melhor em Renesmee. Estava encolhida e ligeiramente descoberta. Sentei-me na sua cama e inalei o seu cheiro. Era apetitoso, tinha que admitir, ainda para mais com o odor vampírico misturado. Tinha a certeza que qualquer vampiro a acharia ainda mais apetitosa que um humano. Mas não para mim. Claro que o autocontrole é difícil de adquirir, e mesmo tendo-o ele pode sempre quebrar, mas quando se trata de uma pessoa que amamos tanto deixamos de permitir ao nosso corpo aprecia-lo.
A pequena mão de Renesmee estava enrolada em volta de qualquer coisa perto do seu pescoço. Toquei-lhe levemente na mão o que fez com que ela a recuasse ligeiramente devido ao toque frio, permitindo-me ver claramente o que estava entre os seus dedos. O colar que Jacob lhe oferecera, onde um bonito lobo esculpido em pedra castanho ferrugem pendia, estava a ser agarrado de novo com toda a força de Renesmee. Será que está a sonhar com ele? Renesmee ainda não tinha falado nele desde que chegamos, mas sabia que já tinha pensado nele.
A minha curiosidade falou mais alto e coloquei a minha mão à volta da sua que agarrava o colar ainda com mais força. Sim. Renesmee estava a sonhar com Jacob. Agora na minha mente passavam imagens deles a rirem e a conversarem a grande velocidade, até que uma imagem estagnou. Aí Renesmee e Jacob, transformado em lobo, corriam lado a lado pela floresta, provavelmente para irem caçar. Renesmee estava com um sorriso radiante na cara enquanto olhava para uns olhos castanhos derretidos que a olhavam de volta. Se ainda fosse humana esta imagem deixar-me-ia com as lágrimas nos olhos.
Sem me dar tempo de me recompor, outra imagem assaltou a minha mente através da minha mão fria. Desta vez estavam na praia de La Push, onde Jacob estava deitado sobre a areia escura e Renesmee encostada ao seu dorso enquanto passava os seus dedos pelos pêlos grossos e castanhos do focinho que estava pousado sobre as suas pernas.
Uma imagem maravilhosa. Uma lembrança fantástica. Uma memória que ela ia esquecer. Era isto que me ia custar. Fazer com que ela nunca mais tivesse estes sonhos lindos com o seu melhor amigo. Será que tinha coragem para isto? Talvez… Tinha que ter. Mas talvez não tivesse.
Subitamente a imagem de Renesmee e Jacob na praia de La Push desapareceu. Olhei para a cara de Renesmee e vi uns olhinhos castanhos a piscarem cheios de sonho a olharem para mim.
- Mãe! – disse sobressaltada mas também aliviada.
Senta-se na cama e esfrega os olhos numa tentativa de fazer com que o sono se vá embora, sem nunca tirar os olhos de mim.
– Já estás em casa! Estás bem?
- Não te preocupes querida. Eu estou bem – tranquilizei-a com um sorriso. E as mentiras já começavam… - Fui dar um passeio e não avisei. Desculpa. – Renesmee pareceu descontrair.
- O papá estava muito preocupado e eu também. – disse Renesmee ao abraçar-me.
Aquele abraço… Mais um abraço que ela não se vai lembrar. Mais um momento que ela vai esquecer. Só quero que isto acabe de uma vez! Isto está a dar cabo de mim!
Desfiz o abraço demasiado rápido o que fez com que Renesmee olhasse para mim surpreendida. Não queria estar ali abraçada a ela quando lhe ia destruir a vida. Não queria mais ser hipócrita.
Rapidamente lhe estendi o copinho com os comprimidos que ainda segurava na minha mãe esquerda, ao mesmo tempo que pegava também no copo de água que estava pousado sobre a sua mesa-de-cabeceira.
- Toma isto. – disse-lhe sem olhar para ela, apenas com os olhos postos nos pequenos comprimidos que pareciam tão inofensivos…. Ao reparar que Renesmee não se mexia olhei para ela. Estava com cara desconfiada e também lhe podia distinguir uma pontada de medo. Claro que estava com medo. Apareço aqui no meio da noite, sentada na sua cama a ver os seus sonhos após ter desaparecido durante horas, não lhe explico o que aconteceu, quebro o nosso abraço à bruta e ainda lhe estendo três comprimidos na esperança que ela os tome sem fazer perguntas. Mas quem é que eu quero enganar? Ela nunca faria isso. Solução: mentir. – Estavas a tossir, não reparaste? Até pensava que estavas acordada e vim ver se estavas bem, mas afinal estavas a dormir. Toquei-te para ver se estavas quente. Bem, mais quente do que o habitual e acordaste. Desculpa, não era minha intensão. Deves estar a ficar doente. O clima aqui é mais frio e não estás habituada. Sabes que eu sou fria e não quero que piores. – disse tudo de rajada e menti em cada palavra que disse, sempre a olhar para os olhos dela. Olhava-me com atenção para tentar perceber o que eu dizia e a assimilar tudo. – Toma estes comprimidos. O avô diz que amanhã estarás como nova. – nem ela sabia o quanto isto era verdade… Sorri no fim para a incentivar a tomá-los. Renesmee agarrou no copo dos comprimidos e olhou para eles.
- Não sabia que podia ficar doente… Sou mesmo esquisita, mãe. – também ela sorriu ao dizer isto. Renesmee sabia que era diferente, mas até gostava. – São precisos estes todos?
- A tua parte vampírica dá luta, sabias? – tentei fazer uma piada com aquilo, o que não saiu muito bem, mas Renesmee sorriu, o que era bom. - Precisas de uma dose mais elevada.
Dito isto fiquei a olhar para ela à espera que os tomasse. Renesmee assentiu com a cabeça e pegou num dos compridos e meteu à boca, seguido de um golo de água. Fez isto com os restantes e acabou com a água que restava no copo. Estava feito. Não havia maneira de voltar atrás.
- Vou-te buscar mais água. – disse deitando-a novamente e cobrindo-a. – Já volto. – dei-lhe um beijo na testa, peguei no copo vazio e saí.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Capítulo 25 "Estou bem..."

         Esvaziei a minha mente.
Apenas o meu subconsciente via a estrada. Eu não. Eu estava vazia. No meu mundo. Onde tudo era perfeito. Onde eu não precisava de me preocupar.
Agora percebo a loucura dos Cullen por carros velozes. É fantástico! Nunca tinha conduzido assim na minha vida! Se não conduzisse a esta velocidade não tinha piada nenhuma, mais valia ir a correr…
Desviei a minha atenção da estrada para ver que horas eram. Peguei no telemóvel e vi que já eram nove e meia da noite. Também tinha uma luzinha a piscar, a dizer que tinha seis chamadas não atendidas.
‘Edward’
Este nome surgiu imediatamente na minha cabeça.
Fiz imediatamente imersão de marcha e carreguei forte no acelerador.
Há horas que andava nisto e nem me apercebi do tempo passar. Apenas as manchas verdes passavam por mim. Edward já devia estar de volta, assim como a minha pequenina. E deviam estar preocupados. Afinal de contas saí e não disse para onde ia, e não atendia o meu telemóvel…
‘Alice’
Ela sabe que eu estou bem. Tenho a certeza que a esta hora já tranquilizou Edward e o resto da família.
Respirei fundo e diminui um pouco a pressão do meu pé no pedal, mas mesmo assim, não baixei a velocidade abaixo dos 180 km/h.
Avistei o pequeno caminho para casa passados cerca de 30 minutos. Tinha-me afastado imenso sem dar por isso. Enveredei por ele e passados poucos minutos já conseguia avistar a minha nova casa.
Nem me dei ao trabalho de procurar a garagem. Tinha uma vaga ideia de já lá ter estado, mas nem me dera por isso, e não estava com disposição para pensar. O carro que ficasse aqui fora e ficava muito bem!
Saí do carro e só agora é que olhei bem para o que tinha estado a conduzir, um Audi A5. Era um carro caro, mas bastante conservador. Nada de exageros nem extravagâncias, apesar de se perceber que era um carro novo no mercado. Provavelmente pertencia a Carlisle, o único que se importava em não dar nas vistas…
Entrei pela porta principal com alguma urgência. No dia anterior tinha entrado por esta mesma porta com a ânsia de ver a nova casa. Ainda tinha que me habituar a chama-la de ‘minha casa’. Tudo estava igual, excepto que ontem não tinha a família toda reunida na sala com os olhos postos em mim, mas sim atrás de mim com a mesma excitação para ver a obra de arte de Alice e Esme.
Fechei a aporta atrás de mim e pousei as chaves do carro no vestíbulo.
Edward veio na minha direcção com um ar preocupado e cauteloso. – Estava preocupado contigo. – disse ao meu ouvido.
Abracei-o. – Sabias que eu estava bem. – disse desviando o meu olhar ligeiramente para Alice, que me presenteou com o seu melhor sorriso de satisfação. Remexi-me nos seus braços de maneira a ficar com a minha testa colada à dele. – Desculpa. – Apesar de ele saber que eu estava ‘bem’, se é que isto se pode dizer, não devia ter saído sem lhe ter dito nada.
Edward rapidamente juntou os nossos lábios. Conseguia sentir a sua preocupação e alívio pela maneira sôfrega que me beijava.
Fomos interrompidos pela falsa tosse de Carlisle. Recompusemo-nos de imediato.
‘Carlisle’ será que…
Olhei instantaneamente para ele a uma velocidade vampírica com a dúvida e a curiosidade estampada no meu rosto, enquanto que Edward enrijecia ao meu lado, ainda com o seu braço à volta da minha cintura.
- Bella, estive a pensar naquilo que falamos e penso que funcionará. Aliás, tenho quase a certeza.
- Podias-me ter contado. – Edward fitava-me com uma cara triste e dura. Sabia perfeitamente sobre o que ele estava a falar, a minha transformação.
- Não queria que sofresses com isso. – tentei explicar-me.
Em resposta, Edward voltou a juntar os nossos lábios, mas desta vez de uma maneira mais suave, se é que beijar Edward alguma vez podia ser suave… Desta vez foi ele a quebrar o nosso beijo.
- Está tudo pronto. Só estávamos à espera que regressasses. Quando quiseres, Bella. – informou Carlisle.
Todos os Cullens estavam presentes na sala, porém nenhum deles tinha aberto a boca. Pareciam estátuas, todos atentos à minha reacção. Provavelmente à espera que eu tivesse outro colapso como quando tive quando estava com o Jacob… Não, não, não! Não vou pensar mais sobre isto! Não vou!
Edward percebeu que eu estava a ter um debate mental. Olhava-me com aquela cara de quem quer saber o que estou a pensar e a implorar-me que retire o escudo. Normalmente esta cara seria o suficiente para eu o retirar imediatamente, mas não queria fazê-lo já. Não enquanto estava com dúvidas ou a pensar o quanto isto podia correr mal.
Tentei recompor-me antes de dizer alguma coisa, ou era provável que a minha voz saísse um bocado esganiçada.
- Muito bem – tentei parecer calma mas não sei se estava a resultar muito bem – Então como é que vai ser?
Por muito que me custasse, não ia voltar com a minha palavra atrás. Isto ia ser feito e brevemente. Estava na hora. Não havia como adiar mais.

sábado, 18 de agosto de 2012

Informações

Caros leitores (se é que ainda existem),

Tenho escritos alguns capítulos nos últimos dias e estou bastante satisfeita com eles. Posso vos prometer que para a semana vou publicar um novo capítulo e assim o espero fazer uma vez por semana.
Também tenho a informar que o Livro Um: Bella está quase a chegar ao fim. Depois disso a história irá continuar sob o ponto de vista de outra personagem que não irei revelar já o seu nome.
Por fim quero vos pedir imensas desculpas pala minha ausência aqui no blog e prometer-vos que irei fazer os meus possíveis para passar mais tempo aqui.

Espero ainda continuar com seguidores e até para a semana, sem falta!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Capítulo 24 “A minha cabeça sempre trabalha”


Que saudades que eu tinha de escrever aqui....
Já não escrevo à meses e lamento imenso por isso. Tenho andado sem uma ponta de inspiração e paciência para escrever. Peço imensa desculpa a todos. Não pretendo acabar com a fic, mas não irei escrever regularmente.
Mais uma vez peço desculpa a todos os que lêem a minha fic e espero não ter perdido o jeito.


Edward, Alice e Renesmee saíram de manhã para caçar, e só voltarão à noite. Eles quiseram aproveitar para caçar antes de…
Estava farta de pensar neste assunto e não ter certezas nenhumas. Resolvi ir falar com o Carlisle. Talvez ele me pudesse esclarecer algumas coisas.
Fui ter com ele à biblioteca. Dei duas pancadas leves na porta e entrei.
Carlisle estava sentado por detrás da grande secretária de madeira maciça, sentado na confortável poltrona, com os olhos postos na meia dúzia de livros abertos, dispostos em cima da secretária. Mal entrei, Carlisle virou a sua atenção para mim.
- Desculpe incomodar, Carlisle. Preciso mesmo de falar consigo sobre a Renesmee, se puder ser.
Carlisle indicou-me a cadeira à sua frente, para eu me sentar, tal qual um médico faz. Assim o fiz, e acomodei-me na espaçosa cadeira, cuidadosamente forrada a tecido grosso e antigo.
- Não incomodas nada, querida. De facto, estava a trabalhar nisso. – Carlisle fez uma pausa e olhou de relance para os livros abertos. Aqueles livros seriam sobre o quê? Será que tinham a ver com a minha pequenina? Pelos vistos sim… - Como sabes, não há muita informação sobre a espécie da Renesmee, os híbridos. A maior parte de nós nem sabe da sua existência. E isso dificulta um pouco o meu trabalho, como deves calcular. Com a ajuda de algumas análises que já tinha feito a Renesmee, consegui perceber que, para já, ela é cerca de 60% humana, por isso tenho que ter muito cuidado com as doses que lhe vou dar. É isso tenho andado a tentar perceber. Se fosse inteiramente humana, uma dose bastava, e se fosse totalmente vampira, duas ou três seriam ideais. E é isto que me tem dado a volta à cabeça. – Carlisle tanto falava animado, como desiludido. Desiludido consigo mesmo por não conseguir chegar a uma solução.
- Mas, então, e se lhe desse uma dose e meia? – perguntei.
- Não é assim tão literal, Bella. – Carlisle sorria com a minha cara de desiludida. – O problema é o seu lado humano. Como é que eu hei-de explicar isto… - Carlisle estava agora de pé, a andar de um lado para o outro, a debater-se com as palavras. – Se eu lhe desse só uma dose, seria demasiado pouco, e o efeito seria temporário. – Carlisle encostou-se à secretária ao meu lado, e continuou a explicar-me. – Nós queremos que o efeito seja permanente, por isso tínhamos que aumentar a dose. O problema é que eu não posso dar as certezas que o seu lado humano aguente. O seu lado humano pode apenas aguentar uma dose, mas o seu lado vampírico necessita de duas doses, percebes?
- E o que é que aconteceria se lhe dessemos duas doses e o seu lado vampírico não aguentasse? – perguntei a medo.
- Não sei, Bella, não sei. Mas não estou disposto a experimentar. Se eu ao menos conseguisse…. segurar, acho que posso dizer assim, o seu lado humano, de modo a que este só recebesse uma dose… Mas é impossível. Estão os dois no mesmo corpo…
Refleti um pouco sobre as palavras de Carlisle, e…
- Carlisle, os vampiros sofrem o efeito da morfina?
- Não, penso que não. Porquê? – perguntou curioso.
- Bem, acho que tenho uma teoria… - ainda não tinha acabado o meu raciocínio, mas estava quase lá. – Durante a minha transformação, eu não me mexi nem gritei, e vocês disseram que a morfina me tinha posto inconsciente durante a maior parte da transformação. Pois, não foi bem assim…
- Bella, não estou a perceber.
Conseguia ver o esforço que Carlisle estava a fazer para tentar perceber onde eu queria chagar. Resolvi explicar de uma vez.
- Eu não estava anestesiada durante a transformação. Eu senti tudo. Todas as memórias que vocês tinham da vossa transformação e me contaram, eu agora também as tenho. Tudo o que vocês sentiram, eu também senti. Nunca contei isto a ninguém, principalmente ao Edward. Não quero que ele pense que sofri. É melhor ele não saber.
- Claro, claro. Não fazia ideia… - Carlisle ainda estava estupefacto com as minhas palavras.
- Eu acho que isto pode ajudar com a Renesmee. Eu estava a sentir tudo, mas não me conseguia mexer. Era como se o meu corpo estivesse paralisado, o que penso que foi provocado pela grande dose de morfina. Nessa altura o meu corpo era humano, ou caso contrário conseguia move-lo. Ou seja, a morfina conseguiu paralisar a minha parte humana, mas não a vampírica, ou a que estava a ser transformada.
- Percebo onde queres chegar. É, de facto, uma teoria interessante, e talvez possa ajudar. Se a morfina segurar o lado humano dela, apenas com uma dose, eu podia conseguir administrar mais uma dose no seu lado vampírico. – Carlisle já começara a rabiscar a uma velocidade louca, nos seus blocos. – Vou trabalhar nisto e espero já ter uma resposta ao fim do dia. – Carlisle tirou os olhos dos papéis para me olhar nos olhos – Lamento o que aconteceu, mas acredita que ajudou imenso, Bella. – E voltou aos seus apontamentos.
Era bom sentir que tinha ajudado nalguma coisa. Pelo menos contribui com alguma da minha experiência. Ao menos isso. Já não me sentia inútil nem desnecessária, e era bom saber que estava a ajudar a minha filha. Saí da biblioteca, fazendo o menos barulho possível, para não distrair Carlisle.
E agora o que é que eu ia fazer? Precisava de ocupar a cabeça com alguma coisa, ou ia dar em doida. Não me apetece estar com ninguém, muito menos falar com alguém.
Peguei na minha carteira, nas chaves de um dos carros, que nem vi qual era, e saí estrada fora, sempre com o pé no acelerador.